quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Faz Parte do Meu Show.




Sinto que dormi uma longa eternidade, mas o Sol não nasceu. A escuridão transpassa a janela manchada pelos meus dedos, meus olhos ainda pesam, não sinto falta da luz.
Corro ao redor do inferno apagado pelas goteiras do teto de vidro, tateando a saída entre a insanidade e a loucura, procurando um rosto angelical sem emoção, sem um nome para chamar, um rosto dono de uma alma desafinada e um coração melodioso, pulmões negros e uma silhueta nobre. Que tenha como reflexo um borrão translúcido, que não sinta falta do Sol que não nasce.
No olhar vazio daquele rosto angelical sinto a morfina dos dias negros, vertigem sufocante, corações partidos, sinto minha presença. Meia gota apertada no cantinho, levitando em teus sonhos que partem, escorrem pelo teu rosto angelical e se libertam do teu pescoço, acenando sobre o dia escuro. Tua auréola flutua sobre tua cabeça, ela reina sobre mim.
O Sol ameaçou nascer. O céu preto se torna azulado aos poucos, minhas mãos tremem. Quando a luz turva me permite olhar no relógio vejo que minha longa eternidade havia durado doze minutos. O rosto angelical não estava mais ao alcance do meu tato, nem dos meus olhos que agora explodem com toda aquela luz, era fruto da escuridão maciça que iludia minhas mãos. Meu hoje, na verdade era ontem e a louca insanidade não tem uma realidade alternativa, continua a mesma. Faz parte do meu show, meu amor.

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