terça-feira, 27 de novembro de 2012

Perdidamente apaixonada. Já tinha esquecido como cada trovoada treme a cama e silencia a cabeça. Como se cada acorde fosse delicadamente levado embora e eu fosse capaz de finalmente me deixar em paz. A bagunça da ventania organiza toda a minha, desata todos os nós. A chuva leva o que eu não consigo deixar partir, o que eu não quero que vá. Divide entre mil e uma vontades e oitenta quilômetros minhas batidas cardíacas despreparadas pra sucumbir. Me deixa dormir, pra acordar sob os últimos raios, na calmaria, onde tudo desmorona e volta pro mesmo lugar de sempre: fora do lugar. Até que entre uma epifania e outra se perde a cabeça de vez. - "Se sentou como uma tempestade e me olhou como quem queria que eu fosse embora." - Perdidamente apaixonada pela tempestade de terça-feira.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Em dias como esse é bom se apoiar na alegria improvisada que é encher o peito com um suspiro cheio de utopia, com aquele sentimento quente que dá quando a saudade acaba, quando a tristeza vira alegria, quando se concretiza um sonho bobo. Se mistura tudo num suspiro longo, leve... Improvisa o sentimento bom que devia durar o dia inteiro, a semana inteira, o mês inteiro, mas só dura os cinco segundos que dá pra prender a respiração...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tão repentino que queima quando atinge o coração. Apareceu como se jamais fosse embora, me arrastou pra dentro e não me deixou dormir, envolveu-se a ponto do corpo doer cada vez que passa por uma placa de saída, oitenta quilômetros mais perto de casa, duzentas batidas cardíacas mais longe. A cidade perdeu a cor, eu perdi a cor. Já faz tanto tempo... ...tão frágil que a vitória mais sincera que dá pra pensar é finalmente estar de peito vazio, se sentir desconhecido e sozinho, pele e osso. Um realista barato.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

C-c-c-c-cocaine.

Como pareço ser, afinal? Algo que você experimenta, gosta. Experimenta de novo, gosta mais. Vicia, enlouquece. Se perde. Se obceca. Ama. Então percebe que não te faz bem, que te derruba, te deprime. Logo larga. Desaparece. Pra outros lugares, com outros vícios, outros amores, outras quedas. Sente falta, claro que sente. Dá vontade. Aí volta, sempre volta. Decide voltar, desiste. Como se eu fosse estar sempre lá, numa pequena cápsula, te esperando pra explodir.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012







Depois de uma certa intensidade, o emocional vira físico, as metáforas se desfazem em minha língua e amarelam meus dentes. Me perco em milhões de desculpas por ter arame farpado em tudo que sou. Desculpo-me por ter-te em minha mão e não saber como segurar. Desculpo-me por não saber a diferença entre o Céu e o Inferno e não saber que caminho tomar, desculpo-me por ser tão incapaz. Desculpo-me pelo meu açúcar tão amargo, meu alucinógeno tão forte. Desculpo-me por não encher o peito e cantar pro teu coração bater mais fraco.
Desculpo-me por me desculpar demais.
Desculpa.