quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Eu tocava fotografias como quem tocava pele nua, descia pelas tuas costelas e jamais te dava boa noite. Sorria como quem não te deixava dormir e culpava a lentidão do relógio. Sofria como quem tivera amado a dormência que me dava quando ia embora. Sentia o papel em minhas pernas, mais pesado que todas as vezes que te perdi atrás da fumaça do cigarro pois sabia que sempre voltaria. Num bem-me-quer, as fotos flutuavam pela cama, já sem cor, já sem mim. Eu planejava dormir antes da tempestade acabar, para que a ventania não trouxesse tua respiração, para que eu jamais pudesse escalar teus braços e dizer o quanto odeio teus hábitos, teus pulsos fracos, e o quanto eu te quero pra mim. "Você é louca se acha que acredito em você." Num sorriso sonolento, num sono risonho, esperando de mim aquele "boa noite" que eu nunca dei.