segunda-feira, 23 de junho de 2014

Eu gosto de acordar sozinho, falar sozinho, cantar sozinho. Eu gosto de andar sozinho por aí e divagar comigo mesmo. Eu gosto de ler sozinho, ficar a sós com minhas músicas favoritas. Eu gosto de sofrer sozinho. Mas nada nesse mundo me assusta mais do que ser solitário.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Havia algo de insano naqueles olhos. Mudava a cor do vento e o timbre da voz, velejava comigo, mas me mantinha longe. Eu andava nas pontas dos dedos e sentia teu balanço, desde a costa até a porta da minha cozinha, teu balanço não me tocou, receoso, latejando por dentro, explodindo por fora. No cais da cidade errada, o céu caiu em minhas mãos e, vivo, me olhou. Havia algo de insano naqueles olhos. O céu era teu, mas escorregava de tuas mãos, como se estivesse vivo em outro lugar, aqui, mas inconsciente, dormente. Cada vez mais longe, definhando, se perdendo, sentindo o fogo das estrelas borbulhando na pele, jurando baixinho que era mais frio que minha pele. Em tudo que cabia no horizonte, éramos um, morávamos nos mesmos sonhos, nas mesmas enseadas, mas eu sempre virava espuma no final, pois me perdia entre teus dedos. Refletia nos teus olhos, e havia algo de insano neles... os meus

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Eu achei que nos teus olhos eu fosse parecer idiota por sorrir o tempo todo. Mas eu não era. Eu achei que seria um estorvo que te mantinha na cabeça o tempo todo e te deixaria encabulado. Mas eu não era. Eu jurava que era a criatura confusa e ainda assim impulsiva que te assustaria. Mas eu não era. Entre um sorriso e outro em que eu perdi a fala, me sentia estúpida. E eu era. E no final, eu te vi em mim como um dia diferente dos outros. Mas você não era.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Eu tocava fotografias como quem tocava pele nua, descia pelas tuas costelas e jamais te dava boa noite. Sorria como quem não te deixava dormir e culpava a lentidão do relógio. Sofria como quem tivera amado a dormência que me dava quando ia embora. Sentia o papel em minhas pernas, mais pesado que todas as vezes que te perdi atrás da fumaça do cigarro pois sabia que sempre voltaria. Num bem-me-quer, as fotos flutuavam pela cama, já sem cor, já sem mim. Eu planejava dormir antes da tempestade acabar, para que a ventania não trouxesse tua respiração, para que eu jamais pudesse escalar teus braços e dizer o quanto odeio teus hábitos, teus pulsos fracos, e o quanto eu te quero pra mim. "Você é louca se acha que acredito em você." Num sorriso sonolento, num sono risonho, esperando de mim aquele "boa noite" que eu nunca dei.