sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Segundo Nome da Tortura.



A televisão começa a chiar descontroladamente, mas não vou desligá-la. Abaixo da minha cabeça descansa meu crucifixo que massageia minha fé trêmula pelo segundo nome da tortura.
A doce melodia da canção de ninar começa a soar em meus ouvidos, parece que tudo aqui tem vida própria. Sei que aquelas notas suaves foram feitas para acalmar quem as ouve, mas o nervosismo domina minha consciência insana, e a canção de ninar agora me incomoda. O tique-taque do relógio me incomoda. O som da minha respiração ofegante me incomoda. O eco do meu coração vazio me incomoda.
As sequelas daquela tortura delicada me perseguem, e eu as sinto cada vez que meu peito se enche de fracasso e miséria. Refiro-me a tortura, tortura real, onde aquele toque sutil e seco queima minha pele. Onde aquele sorriso falso e apagado cega meus olhos. Onde toda aquela indiferença parte meu coração em milhares de partes espalhadas pelo mármore frio como teu toque. Com a pele queimada e os olhos cegos, não há nada que possa fazer além de esperar que o crucifixo que descansa sob mim apague tua face gravada atrás de meus olhos, e com ele evapore teu timbre desafinado.
A televisão não para de chiar e explodir pontos pontilhados que não param quietos, não me distraem, não me deixam em paz. A canção de ninar continua a apedrejar meus ouvidos. O tique-taque do relógio permanece a confundir minha cabeça. Minha respiração ofegante insiste em tornar minha meditação mais difícil. O eco do meu coração vazio finalmente rendeu-se a minha implicância. Rendeu-se ao segundo nome da tortura. Teu nome.

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