quarta-feira, 30 de abril de 2014

Havia algo de insano naqueles olhos. Mudava a cor do vento e o timbre da voz, velejava comigo, mas me mantinha longe. Eu andava nas pontas dos dedos e sentia teu balanço, desde a costa até a porta da minha cozinha, teu balanço não me tocou, receoso, latejando por dentro, explodindo por fora. No cais da cidade errada, o céu caiu em minhas mãos e, vivo, me olhou. Havia algo de insano naqueles olhos. O céu era teu, mas escorregava de tuas mãos, como se estivesse vivo em outro lugar, aqui, mas inconsciente, dormente. Cada vez mais longe, definhando, se perdendo, sentindo o fogo das estrelas borbulhando na pele, jurando baixinho que era mais frio que minha pele. Em tudo que cabia no horizonte, éramos um, morávamos nos mesmos sonhos, nas mesmas enseadas, mas eu sempre virava espuma no final, pois me perdia entre teus dedos. Refletia nos teus olhos, e havia algo de insano neles... os meus

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